O ar deslocado por um helicóptero levantou do chão centenas de pétalas de rosas que caíram nos caixões de três dos quatro policiais militares mortos na queda da Fênix 4, sábado. Essa foi uma das últimas homenagens, ocorrida ontem no pátio do Batalhão de Choque, àqueles que voavam para salvar vidas.
A perícia nos corpos e na aeronave já descartou que a causa da queda tenha sido provocada por tiros. “Não há perfuração por arma de fogo nos corpos. Na aeronave, até o momento, não se encontrou nenhum tipo de perfuração”, afirmou o secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá.
Sá, ainda durante a última madrugada, montou gabinete de crise para avaliar a situação na Cidade de Deus, com representantes das polícias militar e civil, além dos seus subsecretários. O gabinete entendeu que a operação na Cidade de Deus deveria continuar e, até o início da noite de ontem, sete pessoas haviam sido encontradas mortas, e outras 12, feridas. Moradores relataram supostos abusos policiais.
Com a conclusão do laudo de que não houve perfurações, a atenção do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos busca possíveis panes mecânicas ou falhas humanas para o acidente. Integrantes do GAM (Grupamento Aeromóvel), unidade à qual os militares mortos pertenciam, afirmaram ao DIA que a aeronave já apresentou problemas técnicos no ar. Um deles teria ocorrido terça-feira passada, quatro dias antes da queda. “A luz vermelha do painel começou a piscar, mostrando uma pane hidráulica em pleno voo. Mas a manutenção da unidade liberou a aeronave”, afirmou um militar, que era da equipe do tripulante Barbosa. “Já escutei estouros no motor da Fênix 4. Achei estranho, mas a manutenção nunca apontou nada”, disse outro.
Uma mensagem de WhatsApp do grupo que estava de serviço no dia 15, obtida pela reportagem, contém a descrição de um operador relatando falha na comunicação. “Urgência. Não tem como manter contato rádio aeronáutico com a Fênix 4, gerando transtorno para o serviço e comprometendo a segurança de voo. Diante desse fato pede providência.”
IG