JOSIAS DE SOUZA
Articula-se no eixo Congresso—Planalto—STF o adiamento da decisão sobre foro privilegiado. Urdido em segredo, o plano foi esboçado em três estágios.
Eis o primeiro lance: nos próximos dias, o Senado se esforcará para aprovar em segundo turno a emenda constitucional que extingue o foro especial para autoridades e parlamentares.
O segundo lance ocorreria em 31 de maio. Nesse dia, escorando-se no fato de que o Congresso já se ocupa do tema, uma das 11 togas que integram o plenário da Corte pediria vista do processo que pode resultar na restrição da abrangência do foro privilegiado. Com isso, a deliberação seria adiada por tempo indeterminado.
Relator do caso, o ministro Luís Roberto Roberto Barroso defende que o Supremo passe a julgar congressistas e ministros apenas por crimes cometidos durante e em razão do excercício do cargo. Prevalecendo essa posição, desceriam para a primeira instância, por exemplo, o grosso dos processos relacionados à Lava Jato.
O último lance da trama se desenrolaria na Câmara. Ali, a emenda constitucional que o Senado planeja aprovar seria cozinhada em banho-maria. Assim, todos se mexeriam para que nada saísse do lugar.
O sucesso da trama depende do segredo. Todos negam a existência do plano. Ou quase todos. O blog expõe o que vem sendo trançado nos porões de Brasília graças a um observador que desaprova a movimentação.
Incomodada, essa testemunha Ilumina a cena na expectativa de constranger o ministro do Supremo que já sinalizou, entre quatro paredes, a disposição para prestar aos investigados o favor de pedir vista do processo que pode transformá-los em matéria-prima para sentenças de juízes como Sergio Moro.