O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) foi preso pela Polícia Federal nesta segunda-feira (3), na Bahia, Estado onde mora. A prisão foi determinada pela Justiça Federal de Brasília, e está ligada às investigações da Operação Cui Bono.
A operação investiga irregularidades na liberação de créditos da Caixa, banco estatal no qual Geddel ocupou a Vice-presidência de Pessoa Jurídica. Geddel foi ministro da Secretaria de Governo de Temer. As investigações da Polícia Federal e do MPF (Ministério Público Federal) apontam que Geddel e o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) atuaram na liberação de ao menos R$ 1,2 bilhão em empréstimos para empresas, em troca de propina.
O pedido de prisão preventiva, apresentado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, acusa Geddel de atuar para atrapalhar investigações em andamento, ao tentar evitar que o ex-deputado Eduardo Cunha e o corretor Lúcio Funaro firmassem um acordo de delação premiada.
Além da prisão preventiva, a Justiça também autorizou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telemático de Geddel. Diferentemente da quebra do sigilo telefônico (que permite a interceptação das conversas), o levantamento do sigilo telemático permite o acesso ao registro das ligações efetuadas, mensagens e e-mails.
A investigação teve origem na análise de conversas registradas em um aparelho de telefone celular apreendido na casa do então deputado Eduardo Cunha. O teor das mensagens indicam que Cunha e Geddel atuavam para garantir a liberação de recursos por vários setores da CEF a empresas que, após o recebimento, pagavam vantagens indevidas aos dois e a outros integrantes do esquema, entre eles Fábio Cleto. Cleto, que ocupou por indicação de Eduardo Cunha a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias, foi quem forneceu as primeiras informações aos investigadores. Em meados do ano passado, ele fechou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República.
O pedido de prisão foi baseado em depoimentos recentes do corretor Lúcio Funaro e dos delatores Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, e do diretor jurídico do J&F, Francisco de Assis e Silva.
A ordem de prisão partiu do juiz da 10ª Vara Federal de Brasília Vallisney de Souza Oliveira.
O UOL entrou em contato com o advogado de Geddel, Gamil Föppel, por telefone, e-mail e por Whats App, mas ainda não obteve resposta.
Geddel era homem-forte de Temer no governo
Geddel Vieira Lima era ministro da Secretaria de Governo do governo Michel Temer até o final do ano passado. Em 25 de novembro, ele pediu demissão de Salvador por meio de carta enviada por e-mail ao presidente.
Dentro do Planalto, Geddel era um dos auxiliares mais próximos de Temer junto ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB).