terça-feira, 5 de setembro de 2017

A REFORMA POLÍTICA VIROU UMA SALADA', DIZ PROFESSOR DA UFABC


Rede Brasil Atual - As discussões sobre a reforma política estão descoordenadas. Para o cientista político e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) Vitor Marchetti, com o surgimento de novas ideias a cada semana e sem um objetivo certo, o debate se perdeu. "São inúmeras propostas, com pessoas tirando-as da cartola, sem saber de onde surgiu. Aí vota-se rapidamente em comissões e vai ao plenário. A reforma virou uma salada", afirma em entrevista Rádio Brasil Atual, nesta segunda-feira (4).
Ele afirma que a desorganização tem que ser deixada para trás logo, pois a reforma é o único meio do sistema político para recuperar sua credibilidade e a democracia do país. "O debate está em um momento de falência das instituições, do fortalecimento da judicialização da política e do surgimento de heróis do Judiciário, que a gente nem vota. De alguma maneira, o sistema político tem que reagir, se não a democracia vai de mal a pior", alerta.
Marchetti aponta que, apesar da falta de perspectivas, há pontos positivos aprovados na Câmara no âmbito da reforma, como o fim das coligações partidárias. "É um salto de qualidade em termos do que era possível se fazer para ajustar os problemas do sistema proporcional de lista aberta".
O cientista político explica que um dos principais problemas do sistema atual das eleições proporcionais é de cunho informativo, já que o eleitor tem pouco controle sobre os efeitos de seu voto. "Ele vota em uma pessoa, mas também é para a lista inteira do partido. Isso é pouco claro na cabeça do eleitor. Quando você faz a coligação, a lista em que ele vota é ainda maior, ou seja, ele ajuda a eleger pessoas que ele não faz a menor ideia. A possibilidade de coligação é um dos elementos que favorece o puxador de voto, e essa mudança minimiza isso."
RepresentatividadePara Marchetti, o multi partidarismo no Brasil tem dois lados: aumenta a representatividade, mas fragmenta muito o Congresso Nacional. "O problema não é a quantidade de partidos. A representatividade de minorias é ótimo, mas precisamos combinar as duas coisas. Há a necessidade de representação, mas também as condições de se governar. Quando a gente fragmenta demais o parlamento, estamos inviabilizando que governos eleitos governem. Eles barram tudo."
"A democracia precisa de partidos, mas eles precisam encontrar um caminho para que a gente não caia na situação de ter uma representação de cada um por si", acrescenta o professor.

VIZOOM JOÃO CÂMARA

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