O presidente francês, Emmanuel Macron, alertou que Google e Facebook estão se tornando grandes demais para serem governados e que poderiam ser obrigados a serem desmontados.
As gigantes da internet poderiam ser forçadas a pagar pelas disrupções que causaram à sociedade e se submeter às regras francesas ou europeias de privacidades, sugeriu Macron.
Em entrevista à revista “Wired” para falar sobre inteligência artificial, ele falou que esta tecnologia poderia desafiar a democracia e abrir uma caixa de Pandora de questões de privacidade.
Macron afirmou que companhias como Google e Facebook são bem vindas na França, levam empregos e são parte do “ecossistema” do país.
Ele fez um alerta afirmando que elas têm uma questão “muito clássica” em uma “situação de monopólio”. Para o presidente, em algum momento, pessoas e governos vão dizer “eles são grandes demais”:
— Não apenas grande demais para quebrar, mas grande demais para serem governados. O que é totalmente novo. Então, a esta altura, você pode escolher desmontar (a empresa) (…). Esta é uma questão de concorrência.
Na avaliação do presidente francês, este será um problema dos EUA e não da Europa.
No mês passado, o diretor executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, disse estar aberto à regulação de governos a empresas do setor de tecnologia.
— (A) questão não é “Deve haver regulação ou não deve?”, mas sim “Como você faz isso?” — afirmou Zuckerberg na ocasião.
No começo do ano, o bilionário investidor George Soros se juntou ao coro dos que pedem que grandes empresas de tecnologia sejam mais controladas, sustentando que Google e Facebook são monopólios que precisam de regulação.
O diretor executivo da Apple, Tim Cook, foi um dos que pediram que o Facebook fosse submetido a mais regras de privacidade após vir à tona o escândalo de vazamento de dados de usuários da rede social para a empresa de marketing político Cambridge Analytica.
Sobre este tema, Macron disse que as pessoas devem ser soberanas em relação às regras de privacidade.
— Eu quero proteger a privacidade desta forma ou daquela. Você não precisa ter a mesma regra nos EUA. E, falando nos players americanos, como eu posso garantir aos franceses que os players dos EUA vão respeitar nossa regulação? Então, em algum momento, eles terão de criar instituições legais reais e incorporá-las na Europa, sendo submetidas a essas regras — avaliou o chefe de Estado.
Na entrevista à “Wired”, Macron também sinalizou que as gigantes on-line também poderiam ser forçadas a injetar mais dinheiro para pagar pelas mudanças que causam nos setores tradicionais da economia.
— Nós temos de “reciclar” nossa população — observou o presidente. — Essas empresas não pagarão por isso. O governo vai.
Ele ressaltou que Google, Apple Facebook e Amazon “não pagam todos os impostos que deveriam na Europa”, por isso, afirma, “eles não contribuem para lidar com as externalidades negativas que eles criam”.
AGÊNCIA O GLOBO