Divulgada neste sábado, dia 8, a nota assinada pela Associação dos Magistrados do Rio Grande do Norte, censurando publicamente o conteúdo editorial da Intertv Cabugi, deixa transparecer cristalinamente a insatisfação da magistratura potiguar com a exposição pública que a emissora tem feito sobre salário de juízes. A divulgação pela imprensa dos reajustes, auxílio-moradia e penduricalhos que engordam a remuneração da magistratura faz com que a opinião publica olhe para os magistrados s e veja neles a imagem de “marajás” dos tempos modernos, servidores públicos com polpudas remunerações, cujos valores estratosféricos vão de encontro a realidade econômica do funcionalismo estadual, sem falar na crise que atravessa o próprio estado.
Nos últimos dias, a Intertv deu bastante ênfase ao reajuste salarial que a magistratura irá receber, e que fará o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte pagar anualmente cerca de R$ 91 milhões em salários aos 247 magistrados potiguares.
Um desembargador que atualmente ganha mais de R$ 35 mil, vai receber pouco mais de R$ 39 mil com o reajuste. Já os juízes de primeira entrância, que é aquele que atua em cidades do interior, em comarcas com apenas uma vara, terão vencimentos reajustados dos atuais R$ 30 mil para R$ 33 mil.
Os juízes de segunda entrância, que recebem atualmente R$ 32 mil passarão a receber R$ 35 mil, enquanto os de terceira entrância, que geralmente ficam na capital ou em cidades maiores saltarão para salários de R$ 37 mil. Atualmente, eles ganham R$ 33 mil.
Ainda existem os juízes substitutos, que atualmente têm subsídio de R$ 29 mil e receberão R$ 31,7 mil.
QUESTIONAMENTOS
Não é a primeira vez que a Associação dos Magistrados se revolta com questionamentos jornalísticos acerca de benefícios que a magistratura incorpora para engordar ainda mais seus salários.
Em abril do ano em curso, o presidente da AMARN, Herval Sampaio Junior, se envolveu em um outro embate com a afiliada Global, chegando a dizer que tinha sido vítima de “armadilha” da Intertv.
Naquela ocasião, Herval Sampaio, que fez defesa intransigente da vergonhosa proposta – assinada pelo presidente do Tribunal de Justiça, Expedito Ferreira -de converter em dinheiro as licenças-prêmio não gozadas pelos magistrados, reagiu com contundência contra o jornalismo da emissora.
Na época, na nota divulgada, a AMARN protestou contra o “puxão de orelhas” que a emissora deu na entidade, através de um editorial: “Diante da recusa do Presidente do TJ, Des. Expedito Ferreira, em se manifestar, o presidente da AMARN, Herval Sampaio, prontamente atendeu ao convite para esclarecer à sociedade do que se tratava a resolução. O que não podíamos prever era a “armadilha” que estava por trás deste convite. Um editorial pronto, após encerrar a entrevista “ao vivo”, com críticas pesadas e que não levaram em consideração uma palavra sequer dita pela presidência da AMARN”, disse a nota da entidade.
Na nova nota divulgada neste sábado, dia 8, através da qual censura publicamente o jornalismo da Intertv, e diz que a entidade não mais concederá entrevista à emissora, a AMARN deixa transparecer nas entrelinhas que falar sobre salário de juiz é tabu na entidade.
Direito de pergunta: será que diante da penúria em que vive a maioria do funcionalismo público potiguar, os juízes têm vergonha do salário generoso que garantem para si próprios?
Segue a Nota: