247 – O sociólogo Celso Rocha de Barros, doutor em Oxford, defende a anulação do processo contra o ex-presidente Lula, agora que ficou provado que o ex-juiz Sergio Moro cometeu o crime de fraude processual ao se associar à acusação para condená-lo. "As conversas entre Sergio Moro e Deltan Dallagnol divulgadas pelo The Intercept Brasil provam que Moro atuou como parte da acusação. Se o juiz é acusador, não há defesa possível. Sem direito de defesa, não há julgamento justo. Lula não foi submetido a um julgamento justo", diz ele, em artigopublicado na Folha de S. Paulo nesta segunda-feira.
"Quanto às opiniões sobre a culpa ou inocência de Lula, elas voltam à estaca zero. Cada um achará Lula culpado ou inocente segundo sua própria avaliação pessoal das evidências, ou, o que é imensamente mais provável, segundo suas preferências políticas. A sentença de Moro deixa de ter qualquer peso nessa análise", afirma.
"Discordo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, em primeira avaliação, disse que se tratava de 'tempestade em copo d'água'", diz ainda o sociólogo. "O julgamento a ser anulado foi o que tirou Lula da disputa eleitoral de 2018. Lula liderava as pesquisas. Lula subiu nas pesquisas enquanto estava preso. Lula era o candidato preferido dos brasileiros mais pobres. Não sei se teria ganho, mas Jair Bolsonaro parece achar que sim. Se não acha, por que disse que Moro livrou o Brasil do bolivarianismo?", questiona.