A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu hoje (12) à Polícia Federal (PF) abertura de um inquérito para investigar invasão ao celular institucional do procurador Marcelo Weitzel, um dos integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público (CMNP). Segundo o conselho, na terça-feira (11), um hacker enviou mensagens por meio da conta do aplicativo Telegram em nome do conselheiro.
Na invasão, o suposto hacker se passou por Marcelo Weitzel e fez críticas à atuação de procuradores da força-tarefa da Lava Jato no grupo formado por procuradores do CNMP. A falsa identidade foi descoberta quando um dos integrantes do grupo desconfiou que o texto não seria de autoria do procurador.
No mesmo ofício encaminhado à PF, Dodge afirmou que procuradores que atuam nas investigações da Operação Lava Jato no Paraná e no Rio de Janeiro também foram alvo de ataques cibernéticos recentemente. Segundo a PGR, as primeiras tentativas começaram em maio, quando uma investigação interna foi aberta para apurar o caso.
A procuradora também pediu ao direitor-geral da PF, Maurício Valeixo, a unificação da investigação dos ataques contra todos os membros do Ministério Público Federal (MPF). De acordo com Dodge, é preciso adotar uma linha de investigação para esclarecer eventuais contratantes do serviço e os motivos dos ataques.
No último fim de semana, o site The Intercept Brasil divulgou supostos diálogos que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, teria mantido com procuradores da Lava Jato em Curitiba quando era juiz. A PF também investiga o caso.
Gabriela Hardt
Em nota, a Justiça Federal no Paraná confirmou que a juíza federal Gabriela Hardt também teve o celular invadido na mesma época relatada pelos procuradores da Lava Jato. Gabriela é magistrada substituta da 13ª Vara Federal em Curitiba, que foi chefiada por Moro, e foi responsável por uma das sentenças condenatórias contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em nota divulgada à imprensa, a juíza considerou a invasão um atentado contra a segurança de Estado.
“A juíza não verificou informações pessoais sensíveis que tenham sido expostas e entende que a invasão de aparelhos de autoridades públicas é um fato grave que atenta contra a segurança de Estado e merece das autoridades brasileiras uma resposta firme. Da mesma forma, a juíza federal espera que o Poder Judiciário, do qual faz parte, perceba tal gravidade e adote medidas firmes para repelir tais condutas”, diz a nota.
Agência Brasil