quarta-feira, 25 de setembro de 2019

RN se prepara para geração de energia eólica em plataforma marítima

RN se prepara para geração de energia eólica em plataforma marítima

Após se consolidar como o maior gerador de energia eólica do país, o Rio Grande do Norte se prepara para desbravar uma nova fronteira: a geração de energia eólica no mar. O potencial eólico offshore, identificado no litoral potiguar e do Ceará, de aproximadamente 140 GW – o equivalente a mais de dez vezes a capacidade instalada nacional – levou o Rio Grande do Norte a receber a primeira planta eólica do Brasil no mar. O dado foi apresentado durante o Fórum Potiguar de Energias Renováveis, pelo pesquisador do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Luciano Bezerra, na tarde desta terça-feira (24), no hotel Holiday Inn.

O primeiro projeto de usina eólica offshore é da Petrobras e será instalada no polo de Guamaré, no Litoral Norte, até 2022. Em sua palestra “Determinação do potencial eólico offshore”, Luciano Bezerra, que também trabalhou no estudo do potencial offshore do estado para a estatal, apresentou novas tecnologias usadas, dados sobre o cálculo da potência e novas perspectivas para o setor a partir desse novo modelo.

“O grande diferencial da eólica offshore (no mar) é a dimensão do seu potencial e capacidade de produção, dez vezes superior a capacidade instalada, atualmente, e que demanda instalações mais robustas”, disse o pesquisador.  O cálculo, explica ele, usa os chamados dados de reanálises a partir de modelos de circulação de ventos, como Merra, Era-Interim e CSFR, além de novas tecnologias como a primeira torre anemométrica offshore instalada no Brasil e de LiDAR flutuante, mecanismo de medição dos ventos com sensores.


Por ser uma tecnologia ainda não usada no país, segundo Bezerra, os prazos e custos para operação ainda são altos. A instalação de uma torre de 80 metros em plataforma demanda um ano em licenças, de 3 a 8 meses de montagem e tem uma estimativa de investimento para instalação que pode chegar a 20 milhões de euros, além do alto custo para operação e manutenção no mar.

Em terra (onshore), o Rio Grande do Norte lidera a produção dessa matriz energética no Brasil. O estado alcançou a capacidade instalada de 4 gigawatts de produção, em março desse ano, conforme dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a partir da operação de dois parques da Copel, em São Bento do Norte. Ao todo, já são 151 parques instalados e mais de 1,5 mil aerogeradores em operação. Cada 1 GW é suficiente para abastecer entre 1,5 e 2 milhões de pessoas.
Em todo o país, são 14,8 GW em 580 parques, distribuídos por 12 unidades federativas, segundo dados atualizados pela Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Ou seja, sozinho, o estado responde por quase 30% da capacidade de produção de energia eólica do Brasil; que aparece em 8º lugar no ranking mundial nessa matriz. Além da capacidade já instalada, o RN possui mais 1,4 GW contratados, em parques que iniciam a operação até 2023.

Instituições do Sistema FIERN dão suporte ao desenvolvimento do setor de energias
O presidente do Sistema FIERN, Amaro Sales de Araújo, destacou a atuação da Federação em ações ligadas a energias renováveis no Rio Grande do Norte. “Temos uma comissão, a Coere, bastante importante liderada por Sérgio Freire, que tem se desdobrado trazendo informações às empresas e aos consumidores para que possamos ter a utilização cada vez maior de energias limpas. Nessa área de solar fotovoltaica e de energia eólica, nós temos um vetor, um braço importante no apoio com o ISI, IST e o CTGAS-ER, com pesquisa aplicada, desenvolvimento de projetos, tecnologias, formação e qualificação de pessoal”, destaca o presidente.

Sérgio Freire, presidente da Comissão Temática de Energia Renováveis (COERE) da FIERN, destaca a importância do Fórum em trazer ao estado uma discussão enriquecedora envolvendo toda a cadeia produtiva de energias. “Esse fórum é uma oportunidade de unir todas as partes da cadeia, a instalação, a empresarial, a de fomento, discutindo várias temáticas entre elas a questão da segurança jurídica, pois precisamos ainda de marcos regulatórios, em especial na produção offshore, que é o futuro da energia eólica, além de outros temas como gargalos que precisam ser debatidos com representantes do setor. Oportunidade que a FIERN proporciona, por meio da nossa comissão e que é o nosso papel, de apresentar nosso estado e fomentar a nossa economia”, afirma Freire.

Realizado pelo COERE, CTGAS-ER E Sebrae-RN, com patrocínio do Banco do Nordeste e apoio de empresas parceiras, o Fórum reúne empresários, técnicos e representantes de entidades públicas e privadas para discutir a regulamentação do setor, as possibilidades de crescimento, os desafios, as fontes de financiamentos, a tributação em vigor e prováveis mudanças.  Duas arenas, solar e eólica, foram montadas e realizavam simultaneamente os painéis. “Este formato dá mais dinamismo e interação entre os participantes”, disse Sergio Freire.

Durante toda a tarde, foram debatidos em painéis, com participação de especialistas, representantes de governos e dos principais players dos setores eólico e fotovoltaico, temas como iniciativas empresariais, estaduais e municipais para energia solar fotovoltaica, tecnologias emergentes para sistemas fotovoltaicos, as principais tendências e oportunidades de negócio em energia solar fotovoltaica, e as perspectivas para os aerogeradores offshore (no mar), que desponta como tendência e o estado já dá os primeiros passos para a operacionalização desses parques eólicos na plataforma marítima potiguar. Fonte: Portal Grande Ponto

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