O apresentador José Luiz Datena, do Brasil Urgente, da TV Band, rebateu declaração do presidente Jair Bolsonaro, que disse mais cedo nesta segunda-feira (24) que jornalista “bundão” tem chance menor de sobreviver à covid-19.
“Com todo o respeito ao cargo de presidente da República que o senhor tem, bundão é o senhor, presidente”, disse Datena.
Bolsonaro fez a declaração ofensiva aos profissionais da imprensa durante o evento “Vencendo a covid-19”, realizado no Palácio do Planalto. Na ocasião, o presidente criticou o destaque dado pela imprensa à sua declaração, feita no começo da pandemia, de que haveria pouco com o que preocupar caso contraísse a covid-19 devido ao seu “histórico de atleta”.
“Aquela história de atleta, né, que o pessoal da imprensa vai para o deboche. Quando [a covid-19] pega num bundão de vocês [jornalistas] a chance de sobreviver é bem menor. Só sabem fazer maldade, usar caneta com maldade, grande parte. Tem exceções, né, como é o Alexandre Garcia”, disse o presidente mais cedo.
A provocação de Bolsonaro à imprensa veio 1 dia depois de o presidente afirmar que tinha vontade “de encher de porrada” a boca de 1 repórter do jornal O Globo. A resposta veio depois de ouvir perguntas sobre os cheques que sua mulher, Michelle, teria recebido de Fabrício Queiroz.
Para Datena, ao desrespeitar os jornalistas, o chefe do Executivo abriu “uma via de duas mãos”.
“Ele [Jair Bolsonaro] abre um caminho de duas mãos porque ele não pode ofender qualquer cidadão brasileiro da forma que ele ofendeu. Eu por exemplo, sou do jornalismo e não sou bundão, senhor presidente Jair Bolsonaro, Eu não sou bundão. Agora o senhor me dá o direito de chamar o Jair de bundão. Então bundão é o Jair. Bundão é o senhor. Não o presidente da República, esse eu respeito. Mas a partir do momento que o senhor chama a minha classe toda de bundão, eu também posso chamar o senhor de bundão”, afirmou.
“Como todos nós somos bundões. Teve muita gente que perdeu a vida. Deu a sua vida, inclusive durante o regime militar, fazendo matérias. A imprensa brasileira foi fundamental ao país em várias oportunidades. Então, os jornalistas brasileiros não são bundões. Pelo contrário, são gente que vai pra rua trabalhar, enfrentando dificuldades enormes. Houve já correspondente de guerra”, completou.
Até julho desde ano, Datena foi o jornalista que mais entrevistou o presidente: 10 vezes.
No entanto, em 22 de maio, Datena disse que não iria mais entrevistar o presidente depois de Pedro Guimarães, presidente da Caixa, ter dito na reunião ministerial de 22 de abril que a Band “queria dinheiro” do governo e de Bolsonaro ter proferido palavrões durante a ocasião.
“De preferência, eu não quero mais entrevistar o presidente da República depois de uma atitude dessa. Eu gostaria que ele desse entrevista pra quem ele quisesse, com todo respeito que tenho por ele, pelo cargo dele, eu me permito nunca mais fazer uma entrevista com ele”, afirmou Datena.
Poder 360