Um incêndio de grandes proporções se espalhou pelo Vale do Ceará-Mirim por três dias. De acordo com moradores da área, a região mais afetada é o Parque Boca da Mata.
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte esteve no local nesta quarta-feira (02) e identificou que as chamas começaram em um desmanche de carros. A investigação ficará por conta da Delegacia Especializada em Defesa ao Meio Ambiente (Deprema).
Imagens aéreas foram publicadas pelo Coletivo Indígena do Vale do Ceará-Mirim mostrando a extensão da queimada. O fogo consumiu quilômetros de Mata Atlântica.
“A quem interessa a destruição de nossa floresta sagrada? A quem interessa a destruição dessa terra cheia de vida? O agronegócio e a área imobiliária que vê ali uma valorizada área para construção de conjuntos habitacionais talvez tenham as respostas”, questionou o coletivo indígena, clamando por ajuda das autoridades públicas.
De acordo com o coletivo a área estava sendo devastada pelas chamas desde o domingo (29) e nesta quarta-feira (02) ainda havia fogo. O Corpo de Bombeiros do RN informou que atendeu a uma ocorrência na região de Ceará-Mirim, próximo às margens da BR-406, no domingo (29) e que as chamas foram controladas naquela noite. Outros órgãos estiveram engajados durante o combate, como a Defesa Civil Municipal, Guarda Municipal, Grupamento de Bombeiros Civis e Polícia Militar.
Membro do Coletivo Indígenas do Vale e Movimento Alternativo Goto Seco, Cadu Araújo disse que os moradores afirmam ainda restar focos de incêndio e muita fumaça.
“Eles estão preocupados porque tem casas nas proximidades e o Parque tem uma importância muito grande para Ceará-Mirim. Foi decretado como Parque Municipal há mais de dez anos, mas ainda não tem nenhuma construção executada. Ele compreende grande área de Mata Atlântica e a gente luta pra preservar”, conta Cadu Araújo, ao ressaltar que é uma região em que viveram ancestrais indígenas e onde existem espécies diversas próprias da fauna e da flora da Mata Atlântica.
Cadu também alerta que as queimadas são frequentes na região e esta não se trata de um episódio pontual. “A gente teve notícia de um Termo de Ajustamento de Conduta ordenando a diminuição gradativa da queima da cana e redução de agrotóxicos, que prejudicam o rio e a saúde das pessoas, mas ainda fazem”, reclama.