segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Governo quer reduzir papel de municípios com app para programas sociais

O governo de Jair Bolsonaro tem planos para reduzir o papel dos municípios no cadastramento de beneficiários de programas sociais como o Bolsa Família. Segundo documentos obtidos pelo UOL, o objetivo é reduzir custos com as políticas de proteção social.

A ideia do Ministério da Cidadania é que os próprios beneficiários se inscrevam no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais) por meio de um aplicativo para celular. O sistema já foi usado pelos cidadãos ao se cadastrarem para receber o auxílio emergencial.

De acordo com o UOL, a pasta realizou uma apresentação interna na qual listou os motivos para a mudança. Entre eles, “reduzir custos de transferência de renda” e “mudar paradigma de programas assistenciais para programas de aumento da renda”.

O CadÚnico centraliza os dados de beneficiários do Bolsa Família e de outros programas sociais como o Minha Casa Minha Vida e o BPC (Benefício de Prestação Continuada). O sistema reúne informações sigilosas de mais de 77 milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade social e pobreza.

Atualmente, os cidadãos são cadastrados nos programas sociais por meio dos Cras (Centros de Referência de Assistência Social) e de outros órgãos públicos criados para essa finalidade. Eles são entrevistados por servidores treinados.

Com a mudança, caberá a cada pessoa fazer o download do aplicativo e informar os dados pessoais, enviar fotografia de documentos, foto pessoal para reconhecimento facial e preencher o cadastro.

O aplicativo deve integrar serviços de pagamento digital como o Pix. Deve ter também uma sessão de oferta de emprego, que usará os perfis dos cidadãos nas redes sociais para oferecer as vagas.

Segundo o UOL, o aplicativo está em fase avançada para implantação. O Plano de Transformação Digital da pasta prevê que o novo CadÚnico seja concluído até julho. O Ministério da Cidadania disse que só irá se manifestar sobre as mudanças quando o novo CadÚnico for lançado.

Um dos problemas do novo sistema é que o público dos programas sociais, muitas vezes, tem dificuldade de acesso à internet. Além disso, alguns são analfabetos e precisariam de ajuda para responder aos questionários.

Algumas das questões possuem vocabulário técnico. Uma delas, “qual é a espécie de seu domicílio”, tem como opções de resposta: “particular permanente”, “particular improvisado” e “coletivo”. Caso o cidadão que estiver realizando o cadastro fique em dúvida sobre o que marcar, ele não será mais atendido por um servidor, mas por um robô.

“A tecnologia é uma questão secundária. Se puder melhorar, tem que ser feito. Mas a grande tecnologia social do CadÚnico não é um aplicativo. É a mediação por um assistente social ou técnico para entender as necessidades daquela pessoa, que muitas vezes nem sabe do que precisa”, declarou a economista Tereza Campello ao UOL.

Tereza foi ministra do Desenvolvimento Social no governo Dilma Rousseff (PT). Segundo ela, a medida seria um retrocesso. A economista destacou que as mudanças estão sendo implementadas por pessoas sem conhecimento técnico da área de políticas sociais.

A Secretaria Nacional do Cadastro Único é comandada por Nilza Emy Yamasaki, oficial de inteligência da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). O delegado da Polícia Federal Marcos Paulo Cardoso Coelho da Silva é responsável pela Secretaria de Avaliação e Gestão de Informações.

O Ministério da Cidadania disse que a escolha dos 2 nomes é “sinal de fortalecimento da seleção”, por se tratarem de servidores públicos, e “segue critérios técnicos”.

“O Cras é a porta de entrada da política de assistência social. Ao fazer o cadastro e periodicamente ir fazer a atualização, ela tem contato com um grande leque de serviços. Não é raro a gente identificar através do cadastramento uma situação de violência ou extrema pobreza”, disse ao UOL Priscila Cordeiro, integrante do Conselho Federal de Serviço Social.

José Crus, vice-presidente do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social, classificou a mudança como “tentativa de um desmonte do maior sistema de proteção social estruturado no mundo”.

“Fomos surpreendidos negativamente com essa chamada modernização, que de moderna não tem nada”, declarou.

VIZOOM JOÃO CÂMARA

VIZOOM JOÃO CÂMARA
Moda masculina, feminina e infantil

LAPAC JOÃO CÂMARA - 3262-3478 - 99401-7616

LAPAC JOÃO CÂMARA - 3262-3478  -   99401-7616
Lapac Saúde/beleza Laboratório de Análises Clínicas e Clínica Médica que atua em João Câmara, no Potengi e RN. Conforto, tecnologia e atendimento humanizado.