quinta-feira, 24 de junho de 2021

Ricardo Salles pede demissão do Ministério do Meio Ambiente


SÃO PAULO – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) exonerou, nesta quarta-feira (23), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A informação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União, que informou que a saída foi a pedido do próprio comandante da pasta.

O cargo passará a ser ocupado por Joaquim Álvaro Pereira Leite, que atuava como secretário da Amazônia e Serviços Ambientais.

O movimento ocorre em meio a cobranças por parte de diversos atores internacionais, diante do aumento nos registros de desmatamento durante a atual gestão e de alegações de leniência com condutas ilegais.

Salles é alvo de inquérito autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), por supostamente ter atrapalhado investigações sobre apreensão de madeira.

Em maio, a Polícia Federal apontou operações financeiras suspeitas envolvendo o escritório de advocacia que tem em sociedade com a mãe, durante o período em que esteve à frente do ministério.

“Para que isso (a investigação) seja feita de forma mais serena possível, apresentei minha exoneração”, afirmou em breve pronunciamento à imprensa no Palácio do Planalto. Salles ocupava o Ministério do Meio Ambiente há dois anos e meio.

A gestão de Ricardo Salles foi marcada por polêmicas. Uma delas foi revelada após a divulgação da reunião ministerial de 22 de abril de 2020, ocasião em que o então ministro sugeriu que o governo aproveitasse a pandemia de Covid-19 para “passar a boiada”, aprovando mudanças nas regras ambientais.

Na breve manifestação nesta tarde no Palácio do Planalto, Salles exaltou ações adotadas pela pasta sob sua gestão e queixou-se da oposição a muitas iniciativas. “Experimentei ao longo destes dois anos e meio muitas contestações, tentativas de dar a essas medidas caráter de desrespeito à legislação, o que não é verdade”, disse.

O anúncio da troca na pasta também ocorre no momento em que o governo federal vê crescer a pressão provocada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.

Mais cedo, em entrevista à CNN Brasil, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse ter alertado Bolsonaro sobre um “esquema de corrupção pesado” no Ministério da Saúde envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin, imunizante contra o novo coronavírus.

Apesar dos alertas, o governo federal seguiu com o negócio que envolveu um preço 1.000% superior ao anteriormente anunciado pela própria fabricante.

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