Ainda segundo o deputado federal, o próprio presidente da República sabia das irregularidades no Ministério da Saúde
O deputado federal Luis Miranda afirmou há pouco à CPI da Covid que o líder do governo da Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), estaria à frente do esquema relacionado à compra de vacinas da Covaxin.
Questionado pela senadora Simone Tebet (MDB-MS) sobre o nome do deputado citado por Jair Bolsonaro como o responsável pelo esquema, o deputado disse: “Eu sei o que vai acontecer comigo. A senhora sabe que foi o Ricardo Barros que o presidente falou. Foi o Ricardo Barros que o presidente falou”, declarou Miranda, chorando.
“Eu não me sinto pressionado para falar. Eu queria ter dito desde o primeiro momento, mas é porque vocês não sabem o que eu vou passar. Apontar um presidente da República, que todo mundo defende como uma pessoa correta honesta, que sabe que tem algo errado, ele sabe o nome, sabe quem é e não faz nada por medo da pressão que ele pode levar do outro lado?”, prosseguiu o parlamentar.
Em 20 de março, o deputado esteve com Jair Bolsonaro, às 16h30, no Palácio da Alvorada. No encontro, Luis Miranda e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, declararam ao presidente da República sobre “pressões atípicas” relacionadas à liberação do adiantamento de pagamento de US$ 45 milhões pelo primeiro lote de vacinas Covaxin, do laboratório Bharat Biontech, representado no país pela Precisa Medicamentos. O repasse seria feito em nome da Madison Biotech, uma offshore em Singapura.
Na quarta-feira, O Antagonista revelou, com exclusividade, que Luis Miranda teria procurado o presidente da República para falar sobre o caso Covaxin.
Na conversa, o próprio presidente teria declarado que “isso é coisa de um deputado”, de acordo com Luis Miranda. “O presidente tanto entendeu que era um fato, que cita um parlamentar em específico e diz que vai acionar a Polícia Federal para poder cuidar do caso”, afirmou. Ao longo de sete horas, Miranda se negou a falar o nome do “deputado governista”.
Ricardo Barros também foi apontado por integrantes da CPI como o responsável pela nomeação da servidora do Ministério da Saúde Regina Célia Silva de Oliveira, que teria dado aval para o pagamento em favor da Madison Biotech. O repasse não foi autorizado pelo servidor Luis Ricardo Miranda, então responsável pelo setor de importação do Ministério da Saúde.
Além disso, como mostramos no início da semana, graças a uma emenda de Barros em uma Medida Provisória do governo que permitiu a autorização para a contratação da vacina indiana.
“Que presidente é esse que tem medo de pressão de quem tá fazendo errado, de quem desvia dinheiro público das pessoas morrendo da porra desse Covid?”, afirmou o parlamentar.