Jair Bolsonaro (foto) se irritou com reportagens que revelaram uma licitação, preparada pelo governo, para tentar comprar 3.850 ônibus escolares com risco de sobrepreço de mais de R$ 700 milhões, mesmo após alertas de órgãos técnicos, como a CGU.
O caso foi revelado pelo Estadão. “Deixa acontecer a licitação, pô”, disse o presidente em transmissão ao vivo pelas redes sociais nesta quinta-feira, 7.
O governo havia aceitado pagar, com recursos do FNDE, até R$ 480 mil por um ônibus que deveria custar no máximo R$ 270,6 mil. O fundo é presidido por Marcelo Lopes da Ponte, apadrinhado de Ciro Nogueira, que hoje foi ao Senado rebater acusações.
Após as reportagens, sob ameaça de ter o processo cancelado, o governo recuou e reduziu as cotações dos veículos na véspera do pregão, relata o jornal paulistano. A licitação dos ônibus foi realizada na última terça, 5, e ficou em R$ 500 milhões a menos do que o governo estava disposto a pagar. O pregão acabou embargado pelo TCU.
“‘Ah, é fruto do jornalismo investigativo’. Investigativo pipoca nenhuma, rapaz. Bando de sem-vergonha, jornalistas. Não investigam nada”, esbravejou o presidente.
Na live, Bolsonaro também disse ser “fake news” a história de que o Palácio do Planalto teria oferecido cargos em troca da morte do ex-PM Adriano da Nóbrega, acusação feita pela irmã do miliciano em áudios divulgados nesta semana.
O presidente alinhou-se à tese de Fabrício Queiroz e alegou que a irmã de Nóbrega deve ter confundido o governo federal com o Executivo fluminense —que na época da morte do ex-PM, em fevereiro de 2020, era comandado por Wilson Witzel.