Depois de 73 anos se preparando, Charles se torna o novo rei britânico nesta quinta-feira, 8, com o nome de Charles III, após a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth II. Pelos regras de sucessão ao trono do Reino Unido, o príncipe de Gales, herdeiro da rainha, vira automaticamente o rei, mas cerimônia de coroação ainda pode levar meses.
Charles é o mais velho de quatro filhos da rainha e seu falecido marido, o príncipe Philip. Quando sua mãe assumiu o trono aos 25 anos, ele se tornou o herdeiro do Reino Unido aos 3 anos. Ele chega ao reinado como o monarca britânico mais velho – o segundo foi William IV, que tinha 64 anos quando se tornou rei, em 1831.
Charles passa a ser também o líder da Comunidade das Nações – Commonwealth. O cargo não é hereditário e, em 2018, os dirigentes dos 53 países que integram a Comunidade atenderam ao pedido da rainha para que seu primogênito o assumisse. Charles herda também bens, como terras e propriedades. Agora, o herdeiro ao trono passa a ser seu primeiro filho, o príncipe William.
A primeira decisão de Charles enquanto rei foi sobre o seu nome, Charles III. Seu nome completo é Charles Philip Arthur George, o que o permitia selecionar qualquer um deles como seu título de reinado. O príncipe William também passará por uma mudança de título, embora não automática. Mesmo sendo herdeiro do trono, ele não se torna ainda o príncipe de Gales ainda, mas já herda o título de duque da Cornualha. Sua esposa Kate Middleton será conhecida como a duquesa da Cornualha.
Em seu primeiro discurso como monarca, Charles III qualificou a morte de sua mãe como um momento de grande tristeza que será sentido em todo o mundo. “Choramos profundamente a perda de uma soberana e uma mãe muito querida. Sei que sua perda será sentida profundamente em todo o país, os reinos e a Commonwealth, assim como por inúmeras pessoas em todo o mundo”, disse o rei em um comunicado.
No passado, a rainha expressou o desejo de que Charles assumisse a Commonwealth. “É meu desejo sincero que a Commonwealth continue a oferecer estabilidade e continuidade para as gerações futuras e decida que um dia o príncipe de Gales deve continuar o importante trabalho iniciado por meu pai em 1949″, disse ela em 2018.
Charles tem um grande histórico de se pronunciar sobre os temas políticos, diferentemente de sua mãe. Em dezembro de 2016, denunciou a ascensão do populismo e a hostilidade aos refugiados, justo no ano em que seu país deixou a União Europeia e Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos.
“Estamos vendo a ascensão de muitos grupos populistas em todo o mundo crescentemente agressivos em relação aos que professam uma fé minoritária”. “Tudo isso tem ecos profundamente inquietantes dos dias obscuros dos anos 1930″, sentenciou.
Seu “ativismo” deu lugar a manchetes como: “Tensão no palácio, Charles se nega a ser um rei mudo” (Sunday Times), ou “a rainha teme que o país não esteja preparado para aceitar Charles e seu ativismo” (The Times).
As duas manchetes respondiam a uma biografia polêmica, “Charles: o coração de um rei” (Charles: Heart of a King, em inglês), cuja autora, Catherine Mayer, apresentou um homem “sem entusiasmo” para substituir sua mãe, por medo de ter que abandonar seus interesses, e cercado de muita gente disposta a servi-lo.
Agora, o novo rei assume as rédeas de uma instituição com um papel reduzido no mundo, numa época e idade que representam um duplo desafio. Desde seus primeiros compromissos oficiais na década de 1970, o papel do príncipe de Gales foi de “apoio”, recebendo dignitários, participando de jantares de Estado e viajando para uma centena de países, especialmente depois que Elizabeth II ficou com a saúde mais frágil.
No entanto, este aristocrata idoso tem pouca popularidade em comparação com sua mãe. Charles teve apenas 54% de opiniões favoráveis em agosto de 2021, de acordo com uma pesquisa do YouGov, muito atrás da rainha (80%), seu filho príncipe William (78%), sua nora Kate (75%) e sua irmã, a Princesa Anne (65%).
Fonte: Estadão