quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Príncipe Charles se torna rei Charles III com a morte da rainha Elizabeth II


Depois de 73 anos se preparando, Charles se torna o novo rei britânico nesta quinta-feira, 8, com o nome de Charles III, após a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth II. Pelos regras de sucessão ao trono do Reino Unido, o príncipe de Gales, herdeiro da rainha, vira automaticamente o rei, mas cerimônia de coroação ainda pode levar meses.

Charles é o mais velho de quatro filhos da rainha e seu falecido marido, o príncipe Philip. Quando sua mãe assumiu o trono aos 25 anos, ele se tornou o herdeiro do Reino Unido aos 3 anos. Ele chega ao reinado como o monarca britânico mais velho – o segundo foi William IV, que tinha 64 anos quando se tornou rei, em 1831.

Charles passa a ser também o líder da Comunidade das Nações – Commonwealth. O cargo não é hereditário e, em 2018, os dirigentes dos 53 países que integram a Comunidade atenderam ao pedido da rainha para que seu primogênito o assumisse. Charles herda também bens, como terras e propriedades. Agora, o herdeiro ao trono passa a ser seu primeiro filho, o príncipe William.

A primeira decisão de Charles enquanto rei foi sobre o seu nome, Charles III. Seu nome completo é Charles Philip Arthur George, o que o permitia selecionar qualquer um deles como seu título de reinado. O príncipe William também passará por uma mudança de título, embora não automática. Mesmo sendo herdeiro do trono, ele não se torna ainda o príncipe de Gales ainda, mas já herda o título de duque da Cornualha. Sua esposa Kate Middleton será conhecida como a duquesa da Cornualha.

Em seu primeiro discurso como monarca, Charles III qualificou a morte de sua mãe como um momento de grande tristeza que será sentido em todo o mundo. “Choramos profundamente a perda de uma soberana e uma mãe muito querida. Sei que sua perda será sentida profundamente em todo o país, os reinos e a Commonwealth, assim como por inúmeras pessoas em todo o mundo”, disse o rei em um comunicado.

No passado, a rainha expressou o desejo de que Charles assumisse a Commonwealth. “É meu desejo sincero que a Commonwealth continue a oferecer estabilidade e continuidade para as gerações futuras e decida que um dia o príncipe de Gales deve continuar o importante trabalho iniciado por meu pai em 1949″, disse ela em 2018.

Reinado a frente
Já detentor de uma pensão de aposentadoria de pouco mais de 100 libras esterlinas – que doava a uma organização beneficente para pessoas idosas – e do passe de transporte público gratuito, Charles chega ao trono com uma reputação de ser mais intrometido politicamente que sua mãe, afeito a causas que vão da agricultura orgânica à arquitetura neoclássica, passando pela pobreza juvenil.

Charles tem um grande histórico de se pronunciar sobre os temas políticos, diferentemente de sua mãe. Em dezembro de 2016, denunciou a ascensão do populismo e a hostilidade aos refugiados, justo no ano em que seu país deixou a União Europeia e Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos.

“Estamos vendo a ascensão de muitos grupos populistas em todo o mundo crescentemente agressivos em relação aos que professam uma fé minoritária”. “Tudo isso tem ecos profundamente inquietantes dos dias obscuros dos anos 1930″, sentenciou.

Seu “ativismo” deu lugar a manchetes como: “Tensão no palácio, Charles se nega a ser um rei mudo” (Sunday Times), ou “a rainha teme que o país não esteja preparado para aceitar Charles e seu ativismo” (The Times).

As duas manchetes respondiam a uma biografia polêmica, “Charles: o coração de um rei” (Charles: Heart of a King, em inglês), cuja autora, Catherine Mayer, apresentou um homem “sem entusiasmo” para substituir sua mãe, por medo de ter que abandonar seus interesses, e cercado de muita gente disposta a servi-lo.

Agora, o novo rei assume as rédeas de uma instituição com um papel reduzido no mundo, numa época e idade que representam um duplo desafio. Desde seus primeiros compromissos oficiais na década de 1970, o papel do príncipe de Gales foi de “apoio”, recebendo dignitários, participando de jantares de Estado e viajando para uma centena de países, especialmente depois que Elizabeth II ficou com a saúde mais frágil.

No entanto, este aristocrata idoso tem pouca popularidade em comparação com sua mãe. Charles teve apenas 54% de opiniões favoráveis em agosto de 2021, de acordo com uma pesquisa do YouGov, muito atrás da rainha (80%), seu filho príncipe William (78%), sua nora Kate (75%) e sua irmã, a Princesa Anne (65%).

Fonte: Estadão

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