segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Áudio mostra que Bolsonaro revelou a Marcola o desejo de ser ditador


Ao conversar com um dos presidiários mais famosos do Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PL) expressou o desejo de se tornar o ditador do Brasil. A fala ocorreu no dia 21 de agosto de 2001, quando Marco Willian Herbas Camacho, conhecido como Marcola, participou de uma audiência na comissão especial de Combate à Violência da Câmara dos Deputados.

O encontro de Bolsonaro com o líder do PCC foi resgatado pelo pesquisador e escritor Rodrigo Cassis, autor de uma série de livros sobre o presidente. De acordo com as informações divulgadas pelo Congresso em Foco, na conversa, Bolsonaro se mostrou favorável à pena de morte — proibida por cláusula pétrea da Constituição Federal — e afirmou que “esse problema” seria resolvido no dia em que ele fosse o “ditador deste país”.

“A OAB [Organização dos Advogados do Brasil] é contra a pena de morte, porque preso condenado não paga advogado, mas tudo bem”, afirmou o então deputado Jair Bolsonaro. “No dia em que eu for ditador deste País, vamos resolver esse problema. Pode ter certeza disso aí. Democraticamente, não vamos resolver nunca. É a mesma coisa de chover no molhado”, completou.

O congresso em Foco ainda diz que, durante a conversa, Bolsonaro afirma que é “contra a política de direitos humanos”, enquanto Marcola defende que a pena de morte não valeria se não fosse começasse a ser aplicada “por cima”, como criminosos de “colarinho branco”. O líder do PCC também defendeu que muitos dos mortos no massacre do Carandiru, ocorrido em 1992 e que causou a morte de 111 detentos, não haviam sido condenados e que “o Estado não tem direito” de tirar a vida dos presidiários.

No dia da audiência, Patricia Abravanel, filha do apresentador Silvio Santos e atualmente casada com o ministro das Comunicações Fábio Faria, havia sido sequestrada. Bolsonaro citou o caso na audiência para comprovar sua teoria de que “a pena de morte serviria para inibir em muito a criminalidade do país”.

“Por exemplo, hoje foi sequestrada a filha do Silvio Santos. Não o estou defendendo por ele ser rico. Ninguém estupra mulher feia, ninguém vai sequestrar pobre. É uma coisa óbvia”, destacou o deputado.

íntegra da transcrição da audiência pode ser encontrada no site da Câmara dos Deputados.

Via Agora RN

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