sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Empresários enviam funcionários e bancam despesas para inflar atos antidemocráticos

 

Empresários de diferentes estados bancaram o envio de caminhões para engrossar o protesto antidemocrático em frente ao quartel-general do Exército em Brasília, onde apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) pedem a intervenção das Forças Armadas contra o resultado das eleições.

Mais de 70 caminhões com a bandeira do Brasil chegaram à capital federal entre domingo (6) e segunda-feira (7). Motoristas relataram à reportagem que 23 deles saíram juntos de Água Boa, no Mato Grosso, numa ação organizada por empresários do município.

Onze caminhões exibiam nessa segunda o nome da Agritex, revendedora de maquinários, peças e equipamentos agrícolas que atua em sete cidades. No domingo, a própria empresa compartilhou pelo Instagram vídeos dos caminhões chegando à região do protesto.

“Chegaram em Brasília os guerreiros das estradas”, dizia a legenda de um deles. “Time Agritex marcando presença em Brasília. Orgulho em fazer parte dessa empresa”, afirmava outro. “O agro mostrando a sua força e importância.”

Outros sete veículos estacionados perto do quartel-general na segunda mostravam a logo do Grupo Comelli, de Rio Verde, em Goiás. Segundo o site, a empresa especializada em processamento de biomassa atua também em Minas Gerais e Mato Grosso.

Em seu perfil no Instagram, o grupo compartilhou uma foto de cinco caminhões lado a lado com a bandeira do Brasil e a localização “quartel-general do Exército”. “Orgulho de ser brasileiro”, dizia a legenda.

Os caminhões que ajudam a inflar o ato de Brasília estão estacionados em fila perto do acampamento montado na região. O trânsito na rua foi interditado pelo Exército. As placas indicam que os veículos saíram de ao menos quatro estados: Mato Grosso, Goiás, Bahia e Santa Catarina.

Caminhoneiros afirmaram reservadamente à Folha que vieram à capital federal por decisão dos patrões, e foram orientados a permanecer na cidade até segunda ordem. Alguns afirmaram que os empresários perguntaram quem gostaria de participar do ato em Brasília, enquanto outros disseram que foram apenas informados da determinação.

Os empregados disseram ainda que têm a carteira assinada e que, por isso, não faz diferença para eles estarem trabalhando ou com os caminhões parados. Afirmaram também que os gastos com alimentação, combustível para a viagem e transporte em Brasília serão pagos pelos empregadores. Alguns vieram acompanhados das esposas.

Funcionários de uma das empresas disseram que o patrão autorizou o grupo a ajudar financeiramente outros manifestantes acampados. A Folha identificou duas grandes barracas de alimentação servindo almoço gratuitamente para os caminhoneiros. Em uma delas, nesta segunda, havia churrasco.

Fonte: jornal de Brasília

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