A prática já é adotada no RN há anos, pela prestigiada Inter TV, a mais badalada do Estado, mas a situação vem ganhando notoriedade nacional só agora. O videorepórter dispensa cinegrafista, vai de uber para o local das pautas, apura, filma, faz entrevistas, tudo ao mesmo tempo, e ainda edita o material. Outras TVs têm aderido o regime de trabalho no país, a CNN é uma delas. Globonews vai passar a adotar.
O que parece uma praticidade para quem vê de longe, é mais uma precarização do trabalho visto de perto.
É humanamente impossível observar um fato, analisá-lo e interpretá-lo, com a elaboração de considerações e um texto jornalisticamente completo, quando o repórter tem, além disso, a preocupação com enquadramento, luz, momento certo da imagem e demais aspectos da produção.
Todo o profissional do jornalismo está sujeito a isto, afinal é a "tendência" do momento para as empregadoras.
Para as empresas é economicamente um sonho: se exclui aí as figuras do pauteiro, cinegrafista e editor de imagens. São quatro em um. Sobrecarregado, o jornalista profissional empenhado com a qualidade do seu material, se sobrecarrega além, para evitar que a piora da sua condição reverbere no resultado final do seu trabalho - missão quase impossível, mas certamente estressante.
Para quem vê, pode ser normal uma passagem (momento em que o repórter aparece na reportagem) com selfie, afinal, a informação está sendo passada. Mas há que se avaliar se a cultura das redes sociais - e do aumento da precarização pelo lucro econômico - deve mesmo enfraquecer o jornalismo profissional desta maneira.
De grosso modo, a informação é dada e a audiência gerada, mas a que custo?
Nota - O tema pode gerar discussões infinitas envolvendo muitas temáticas da comunicação. Essas são apenas considerações rápidas sobre o assunto, que muito me entristece.