No último fim de semana, a terceira maior empresa de transporte marítimo do mundo, a francesa CMA-CGM, deixou de operar no Porto de Natal, que, por essa razão, sofrerá uma queda imediata superior a 50% em suas operações. O prejuízo estimado inicialmente é de R$ 5 milhões por ano, mas a Companhia das Docas do Rio Grande do Norte (Codern) diz que está em busca de alternativas para suprir a falta que a empresa fará.
A principal atividade realizada pela transportadora marítima no Rio Grande do Norte era o transporte de cargas para a Europa, especialmente frutas. Agora, cerca de 40 produtores ligados ao Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX) deixarão de exportar pelo terminal natalense mais de 20 mil toneladas de frutas na próxima safra, que começa em agosto próximo.
“O que temos certo é que vamos operar totalmente pelos dois portos do Ceará. Por Natal, deixariam de sair 700 contêineres, fora os contêineres de manga e uva de Petrolina/PE, o que pode, somando, chegar a mais de 1 mil contêineres que vão para Fortaleza”, explicou o presidente do COEX, Fábio Queiroga à Tribuna do Norte. cada contêiner equivale a 20 toneladas.
O Porto de Natal recebe com regularidade navios para exportação de sal, importação de trigo e cargas de projeto eólico e industrial, mas é na movimentação de frutas que o terminal tem seu protagonismo. Cerca de 60% de toda movimentação vem das frutas frescas.
Desde o ano passado, a Codern já havia sido informada que a CMA não mais atuaria no Rio Grande do Norte. A gigante do transporte marítimo explicou que vai operar com navios de 260 metros, o que impossibilita manobras na foz do Rio Potengi. Essa limitação se deve à altura da Ponte Newton Navarro e à falta de defensas. Devido a isso, apenas barcos com altura inferior a 52 metros e 220 metros de comprimento entram no terminal potiguar.
As defensas são estruturas que precisam ser instaladas na base das colunas da ponte, garantindo segurança de modo a suportar o impacto em caso de colisão, sem danos à ponte.
No ano passado, a Codern informou que a transportadora estava arrendando uma área no Porto de Mucuripe/CE, equivalente a um porto e meio de Natal e lá concentraria as operações. Ao comunicar a saída da rota de Natal, a CMA deu o mês de outubro de 2023 como data para o término das operações em Natal, mas saiu antes.
De acordo com a Codern, não há nenhum outro acordo com empresas de transporte marítimo para operação no Porto de Natal. Contudo, há uma negociação para que a Agrícola Famosa, maior produtora e exportadora mundial de melão e melancia, passe a operar com seu navio frigorífico está em andamento, segundo comunicou a Codern no mês passado. Essa informação também foi confirmada pela empresa na ocasião.
Atualmente, a Agrícola faz o transporte a partir do porto de Mucuripe, justamente onde a CMA/CGM está concentrando seu trabalho. Caso passe a operar em Natal, a expectativa é de que 3 mil toneladas por semana (cerca de 75 mil toneladas durante 24 semanas) sejam transportadas. Desde o ano passado, a empresa mudou sua logística e passou a exportar entre 30% a 35% da sua produção de melão e melancia para a Europa no modelo que dispensa contêineres.
Os navios têm câmara frigorífica e usa pallets. O modelo é até mais oneroso do que o de contêineres. Contudo, o transporte se torna mais tranqüilo com maior garantia do cumprimento de prazos, tendo sido uma experiência satisfatória desde que a empresa passou a assumiu o próprio transporte no ano passado.
A Codern informou nesta segunda-feira (17) que ainda está em negociação com uma “grande empresa no setor da fruticultura”. Já a Agrícola Famosa foi procurada pela TRIBUNA DO NORTE, mas não respondeu sobre a confirmação da operação no Porto de Natal.