O Brasil subiu 18 posições no ranking mundial de liberdade de imprensa, publicado nesta quarta-feira pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF). No último ano, o país ocupava o 110º lugar em uma lista com 180 nações. Agora, aparece em 92º. Sobre a mudança, o relatório menciona a existência de um “clima de estabilidade institucional” na área, embora ressalte o que classificou como uma “violência estrutural”.
De acordo com a organização, a melhora na posição está relacionada à saída do ex-presidente Jair Bolsonaro do poder, uma vez que ele “atacou sistematicamente jornalistas e veículos de comunicação”, como destaca o documento. A “alternância política” beneficiou, segundo a entidade, “principalmente profissionais de dois países do continente americano”, sendo eles o Brasil e os Estados Unidos.
Nas três melhores colocações estão a Noruega, liderando o ranking, Irlanda e Dinamarca, em segundo e terceiro, respectivamente. Já na outra ponta, os três piores são Vietnã, China e, por fim, a Coreia do Norte, “um dos regimes mais autoritários do mundo” e que “controla rigidamente as notícias e proíbe estritamente o jornalismo independente”, diz o RSF.
O relatório relembra que, nos últimos dez anos, ao menos 30 jornalistas foram assassinados no Brasil, o “segundo país mais perigoso da região para os profissionais da imprensa neste período”. Entre os mais vulneráveis, afirma, estão “blogueiros, radialistas e jornalistas independentes que trabalham em municípios de pequeno e médio porte cobrindo corrupção e política local”.
Apenas em 2022, ao menos três assassinatos tiveram relação direta com a prática do jornalismo — incluindo o caso do britânico Dom Phillips, morto na Amazônia durante uma investigação sobre crimes ambientais em terras indígenas. “O assédio e a violência contra jornalistas, especialmente mulheres, continuam a crescer”, diz a organização.
Ainda que tenha apresentado uma melhora, o RSF afirma que o país “permanece polarizado”. “Os ataques contra a imprensa, livremente expressos nas mídias sociais, abriram caminho para práticas recorrentes de agressão física (...), sobretudo nas eleições de 2022 e durante a invasão da Praça dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro”.
Outro relatório feito pela organização aponta que, apenas durante a campanha eleitoral de 2022, um jornalista foi atacado a cada três segundos na internet. Das mensagens ofensivas, 53% eram dirigidas a mulheres jornalistas. Em comum, as contas que promoveram os ataques reuniam o apoio ao ex-presidente Bolsonaro, críticas a Lula e ataques contra a imprensa.