Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues alegou ter sido vítima de racismo na sede da entidade, no Rio de Janeiro, neste domingo (28), durante a convocação da seleção brasileira para os amistosos contra Guiné e Senegal, em junho.
O cartola fez a revelação enquanto falava sobre os ataques que Vinicius Junior, do Real Madrid, sofreu na Espanha e as medidas propostas pela confederação para combater o racismo. No entanto, ele não entrou em detalhes e nem quis dizer quem teria feito as ofensas.
“Eu resisto, comecei a sofrer racismo desde os oito anos, tenho 60 anos e sofro. A gente sofre em qualquer momento, aqui dentro do auditório hoje teve racismo, tem situações em que a pessoa… Junto com o jurídico da CBF vamos procurar ver o que é possível para colocar de uma forma pública no site da entidade esses racistas, para que eles não fiquem no meio de pessoas de bem e que estão pregando o combate ao racismo e eles praticando”, disse Ednaldo aos jornalistas presentes na sede da CBF – a fala foi gravada e publicada pelo GE.
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O manda-chuva do futebol brasileiro, que vestia um camiseta com a frase ‘Com Racismo Não Tem Jogo’, relembrou que a CBF fez um seminário de combate ao racismo no ano passado e que possui um grupo de trabalho permanente com 80 pessoas. Ele defendeu punir esportivamente os clubes cujos torcedores cometerem atos racistas.
“O racismo está em todos os cantos, estava aqui hoje. Isso é em todo momento. Tem racistas na imprensa, tem racistas a todo tempo. Vamos estar de frente para falarmos e não nos amedrontarmos”, garantiu.
“Essa campanha é para todos, o Vini Junior está sendo [vítima de ataques racistas] de uma forma contumaz lá na Espanha, isso não é de hoje, estamos falando há mais de um ano, acionamos os mesmos personagens que acionamos dessa vez: Uefa, Conmebol, Federação Espanhola. E se tiver que repetir mais vezes, vamos repetir quantas vezes forem necessárias”, disparou.
Além disso, ele explicou por que marcou o amistoso contra Guiné para acontecer na Espanha (será em Barcelona), justamente o país onde Vini tem sofrido com atos racistas.
“Quando questionaram por que seria na Espanha (o amistoso contra Guiné), onde houve racismo, primeiro: estávamos tratando o jogo na Espanha há 60 dias. Quando acontece uma questão de racismo, aqueles que sofrem não vão para debaixo da cama com medo, vai ter que enfrentar. E enfrentar o racista em seu reduto é a melhor coisa para passar a mensagem com vigor. Não é nenhum desafio, autoritarismo, mas os racistas a gente tem que dizer não e repetir esse ‘não’ várias vezes”, declarou.
“Você nunca viu um racista dizer que é racista, eles cometem as ações de racismo e quando a pessoa coloca e diz que aquilo foi racismo, ele, no máximo, diz que não foi racismo, pega uma legião de colegas e amigos, diz que não foi racista, mas tem muitos. E tem em todo canto do mundo, da sociedade, tem no futebol, tem na imprensa, tem nos bancos, tem na polícia, em todo canto. Temos que estar sempre acompanhando e divulgando, dizendo quem é, a vida vai continuar, a pessoa não vai se deixar abater por questões do racista. Tem que deixar o racista abatido, ele que está cometendo um crime”, acrescentou.
“O Vinicius Junior tem agradecido muito, tanto ele quanto seus empresários. Ontem aconteceu em todas as rodadas [ações contra o racismo antes dos jogos do Campeonato Brasileiro], hoje também vai acontecer. Já está passando na decisão do Campeonato Paraense, do Águia de Marabá contra o Remo. Isso tem que acontecer, todos falando e combatendo, porque é é um crime, um crime que constrange as pessoas quando não são fortes e não têm a vivência de resistir, como eu resisto”, encerrou.
ESPN