Após o fechamento das lojas Marisa, C&A, Magazine Luiza e Americanas na Cidade Alta, os comerciantes se mostram desmotivados com a situação. Devido o alto valor dos alugueis dos prédios, o que tem acontecido no local é a evasão das lojas. Mais um comércio que terá suas portas fechadas é a Di Santino. Segundo o gerente, Hakeilson de Araújo, a loja se tornou mais uma que decidiu fechar por não ter o retorno financeiro necessário e ainda precisar pagar um aluguel caro.
A loja que antes tinha de 12 a 15 funcionários, agora só tem 8, e com esse fechamento, eles vão ficar sem emprego, diz o gerente. “Me sinto triste por ter vivido tanto tempo bom aqui e hoje passar por essa situação. Mas continuo torcendo para que esse cenário seja revertido”, conta Hakeilson. Na Di Santino, os 8 funcionários já estão de aviso prévio e a previsão é que seja fechada no dia 27 deste mês. O gerente fala que para mudar isso seria necessário um conjunto de fatores realizados pelos empresários, locatários e poder público. “Eles [os empresários] precisam reconhecer que aqui não é mais o comércio de 10 anos atrás. Os aluguéis são bem caros. Eles não vêem a situação que estamos vivendo, apenas se baseiam no reajuste”, ressalta.
Os comerciantes estão indo embora porque também não há mais o mesmo fluxo de clientes, diz o gerente. Essa diminuição de pessoas comprando, continua, é devido o bairro ter poucas lojas abertas. “Houve um efeito dominó. Várias lojas fechando uma atrás da outra e assim o bairro não tem tantas variedades a oferecer. Cada loja que fechar daqui em diante vai fazer com que menos pessoas venham aqui”, explica Hakeilson.
O fechamento da Marisa não afetou tanto a vida dos funcionários como vai afetar os da Di Santino. A Marisa quando foi encerrar as atividades no bairro Cidade Alta, realocou os funcionários para outra unidade. Enquanto na Di Santino, muitos ficaram desempregados.
A Rizolandia Martes, dona de um salão no bairro, compartilhou sua tristeza em ver o local perder a movimentação que tinha quando ela abriu o salão há 9 anos. “Hoje eu só fiz um cabelo. Agora tenho que complementar minha renda vendendo picolé e pipoca, mas nem isso está dando conta. Eu tirei meu comércio de onde eu moro, em Felipe Camarão, para atingir mais pessoas aqui, mas depois que uma loja foi fechando atrás da outra, até meu serviço foi afetado”, conta a comerciante.
Ela lembra que há pelo menos 4 anos, o bairro ficava cheio de comerciantes e clientes nas ruas. Hoje em dia, é comum ver mais moradores de rua do que potenciais clientes.
Portas fechadas, calçadas pouco movimentadas e desânimo. É isso que se encontra na Avenida Rio Brando que era repleta de lojas, ambulantes e potenciais clientes. Só nela há mais de 10 lojas que foram fechadas. Para o ambulante que trabalha na Cidade Alta há 33 anos, Francisco de Assis de Lima, os impostos altos também afetam os comerciantes pequenos. Isso porque quanto mais loja no bairro, maior é a chegada de clientes. “O mês mais movimentado aqui sempre foi dezembro, agora ele virou um mês qualquer. Eu vendia em frente a Americanas, mas ela fechou e eu vim para a frente de onde era a Marisa. Eu acho que esse cenário só pode mudar se houver uma diminuição nos impostos”, conta o vendedor.
Outra vendedora local é a Silmaria França, funcionária da Que Linda. Silmaria afirma que não tem expectativa de que o bairro volte a ser o que era antes. “Depois da pandemia até que o comércio ficou movimentado, mas depois, principalmente das obras que iniciaram e nunca mais pararam, o fluxo de pessoas foi diminuindo. Tanto é que nossa loja fechava às 19h, hoje em dia às 17h30 já estamos indo embora”, explica.
A loja funciona há 23 anos e encontra dificuldades. “As pessoas deviam apoiar mais a cidade. Aqui é um polo comercial e essa situação afeta o trabalho das pessoas. Aqui também não tem uma infraestrutura boa”, diz Silmaria.
Tribuna do Norte