No Hemocentro de Natal, para se ter um estoque considerado satisfatório é necessário o armazenamento de 1 mil a 1,8 mil bolsas de sangue. Mas essa não é a realidade do local. Até ontem, o Hemonorte tinha cerca de 250 bolsas para serem enviadas aos hospitais que recebem atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) da Região Metropolitana da capital potiguar.
Sobre a baixa no estoque de bolsas, a diretora de apoio técnico do Hemocentro, Miriam Mafra, explicou ao AGORA RN que devido ao feriado prolongado de Páscoa, às férias de início de ano e também aos resfriados após o período do Carnaval, muitos doadores se ausentaram e o estoque teve redução considerável. Segundo a assessoria do Centro de doação, 169 foram distribuídas aos hospitais na última quarta-feira 3.
Com a situação mais complicada, segundo a diretora, estão o estoque do tipo sanguíneo O-, quase zerado, e do O+ que também está em estado crítico. Mesmo com a pequena quantidade de bolsas, Miriam observou um acréscimo de doadores de primeira vez. No entanto, ela apontou uma certa dificuldade, não apenas em Natal, mas em todo o país, de fazer com que o doador tire sangue de madeira regular.
“Não temos no Brasil ainda, de maneira muito forte, o hábito de você fazer doação de sangue como rotina frequente. Então, o que o Brasil todo busca nas suas estratégias de captação é dar continuidade, que esse doador não só se sensibilize para vir a primeira vez, como acontece, mas que ele incorpore isso como hábito de sua vida”.
Para ela, se tornar um doador frequente traz benefícios físicos, porque renova toda a parte sanguínea do corpo e dá um salto de melhoria em relação à qualidade do sangue e na renovação celular. Além disso, ela contextualizou a importância da responsabilidade social, levando em consideração que muitas das doações feitas no País são motivadas por reposições sanguíneas para pessoas conhecidas que precisam fazer uma cirurgia, e passam a doar posteriormente de forma voluntária.
“Considerando que não temos nenhum substituto para o sangue humano, artificial nem industrial, você começa a perceber que pode dar suporte de continuidade de vida para uma pessoa que eu não conheço, mas que vai ser feito, que é imediato. Após essas bolsas serem levadas para exames sorológicos, rastreadas, ela irá, em um período de 24 horas, para a geladeira e será distribuída para os hospitais”, disse.