A Rússia interceptou dois bombardeiros estratégicos americanos B-52, capazes de lançar ataques nucleares, que faziam uma missão inédita: sobrevoaram a Finlândia, um dos novos membros da Otan, no caminho para testar as defesas aéreas rivais sobre o Ártico.
A ação ocorreu neste domingo (21). Os dois B-52, apoiados por três aviões-tanque, vieram da Noruega, outra integrante da aliança militar ocidental liderada pelos EUA, rumo ao mar de Barents.
Lá, perto do espaço aéreo russo, foram interceptados por um caça MiG-29 e um MiG-31, ambos operando a partir da região de Murmansk. O Ministério da Defesa da Rússia disse que a operação ocorreu dentro das normas internacionais e que os B-52 deram meia-volta.
O incidente seria trivial, dado que encontros do tipo ocorrem nos céus de regiões disputadas no mundo todo: da Síria a Taiwan, do mar Negro ao do Sul da China. Mas o momento geopolítico está longe da normalidade.
Até a adesão da Finlândia ao bloco hoje com 32 nações que se opõem à Rússia, ações a partir da Noruega tinham de desviar do espaço aéreo do país nórdico. Agora, há rotas mais diretas para enviar aviões rumo ao espaço aéreo russo.
Essas ações visam testar o tempo de reação dos rivais e ocorrem de lado a lado. Em outras ocasiões, são enviados aviões-espiões de diversos modelos, buscando recolher informações, mas dois B-52 significam o treino de um ataque potencialmente nuclear contra a Rússia.
Isso ocorre enquanto Moscou e Washington vivem o pior momento político desde a Guerra Fria, e na realidade mais perigoso dado que as travas que existiam naquele período para evitar escaladas militares estão sendo postas à prova diariamente.
O motivo central é a Guerra da Ucrânia, em que a invasão russa de 2022 encontrou um apoio militar grande da Otan a Kiev, embora sem envolvimento direto para evitar uma crise que venha a desaguar num conflito nuclear.
Folhapress