O primeiro-ministro da Somália afirmou neste sábado (4) que 110 pessoas morreram de fome nas últimas 48 horas em uma única região, enquanto uma severa seca ameaça milhões de pessoas em todo o país.
Foi o primeiro anúncio de mortes relacionadas à seca feito pelo governo da Somália desde que declarou um desastre nacional na terça-feira (28). As Nações Unidas estimam que 5 milhões de pessoas que vivem nessa região, conhecida como chifre da África, necessitam de ajuda, em meio a advertências de uma fome generalizada.
O anúncio do primeiro-ministro Hassan Ali Khaire ocorreu durante uma reunião do Comitê Nacional de Secas da Somália.
A Somália é uma das quatro regiões selecionadas pelo secretário-geral da ONU no mês passado ao pedir uma ajuda de US$ 4,4 bilhões para evitar uma situação catastrófica de fome. As outras são o nordeste da Nigéria, o Sudão do Sul e o Iêmen. Em comum, todos esses locais enfrentam conflitos violentos, afirmou o chefe da ONU.
Milhares de pessoas têm tentado a chegar à capital da Somália, Mogadício, nos últimos dias em busca de socorro alimentar, sobrecarregando agências de ajuda locais e internacionais.
Cerca de 360 mil crianças com desnutrição aguda “precisam de tratamento urgente e apoio nutricional, incluindo 71 mil que sofrem de desnutrição grave”, alertou a Agência de Sistemas de Alerta Precoce contra a Fome da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.
Devido à falta de água limpa em muitas áreas, há a ameaça adicional de cólera e outras doenças, dizem especialistas da ONU. Algumas mortes por cólera já foram relatadas, aliás.
Segundo o governo do país, a fome generalizada “torna as pessoas vulneráveis à exploração, aos abusos dos direitos humanos e a redes criminosas e terroristas”.
O apelo humanitário da ONU para 2017 para a Somália é de US$ 864 milhões para prestar assistência a 3,9 milhões de pessoas. Mas o Programa Mundial de Alimentos da ONU recentemente solicitou um plano adicional de US$ 26 milhões para responder à seca.