Saudades do meu Pai
Hoje não é comemoração de uma data especial…pra lembra-lo não necessita de uma data.
Todos os dias de alguma forma eu lembro dele, lembro da sua presença forte, marcante, de sua voz firme, de sua postura que todos respeitavam.
Quando criança, bastava um olhar para que eu entendesse que estava fazendo algo errado, que deveria parar ou…esse “ou” nos fazia temer, parar, porque se não a coisa ia ficar feia.
Lembro da dureza de levantar muito cedo para ir pro posto de gasolina, o posto Lisboa, a loja de Ferragens ou a loja de peças, não entendia porque as meninas de minha idade estavam dormindo e eu tinha que ir trabalhar (mesmo não entendendo todo o processo do trabalho, tinha que ir, com 12 anos, ou bem menos)…
nunca sai de férias, tinha que trabalhar ou atrapalhar, rsrs, mas tinha que participar, tinha que aprender, saber como era duro ser alguém, conseguir por seus méritos, lutar por uma vida digna…que lição meu pai nos passou!!
Nunca tivemos vida fácil, sempre tivemos que ter alguma responsabilidade
Veio a política e esse preço aumentou, pois de certa forma o nosso pai foi arrebatado pelo povo, não tinha mais tempo
Ao final de sua vida pública, se é que teve esse final, digamos que ao final de seu mandato de gestor público ele se deu conta que precisava ficar mais perto da família…
A doença infelizmente se agravou, mas ele não baixava a cabeça, era duro, seguia em frente tentando administrar, vendo oportunidades de negócios e sentindo a necessidade de estar mais próximo das pessoas, da família
Sua alegria era ver os filhos chegarem na fazenda para ficar com ele, conversar, comer (uma de suas forma de ser carinhoso com as pessoas era sempre ter a mesa farta, receber, conversar – principalmente sobre política)
A mesa sempre tinha algum de seus filhos, empregados e políticos, sem distinção
As memórias dos últimos anos de vida foi de um avô amoroso, preocupado
Ele chegava na nossa casa e se sentia confortável, a vontade…
Que felicidade eu sentia!!
Meu pai chegava e passava horas conversando como um pai, sogro e avô, contando velhas histórias, suas aventuras…seu sorriso me deixava sentir a pessoa mais feliz desse mundo
Como era bom vê-lo bem, conversando com meus filhos, meu marido (elogiando a comida de Amintas), dando dicas de vida a José (ele dizia: Ô José, você precisa ir para João Câmara, passear pelas fazendas, namorar as meninas…lá tem muita menina bonita), Raphinha vou fazer de você uma pessoa importante, você tem que colar em mim…
Bia, minha neta será uma grande arquiteta, você vai fazer os projetos para eu construir, não sou engenheiro, mas sei tanto quanto eles
Há meu pai…quanta saudade!!
Meu muito obrigado pelo amor, mas também pela dureza que me fez uma mulher que consegue levantar depois de cair
O senhor tinha medo do que faríamos com os bens materiais, medo que acabássemos com tudo que o senhor construiu com suor, com garra, com o tempo de ficar com a família, com a correria diária, mas vamos honrar sua história…
O senhor tinha pressa, tinha fome de vencer, de mostrar que o menino que saiu da Paraíba conseguiu deixar marcado seu nome no RN, mas precisamente na região do Mato Grande
Do vendedor de chinelos na feira de Baixa Verde a um grande empresário, agropecuarista, político foi um caminho árduo, mas o senhor soube aproveitar as oportunidades da vida, ainda cedo o senhor era um homem de negócio respeitado.
Meu pai pode não ter tido muito tempo para brincadeiras, tempo de lazer, mas ele lutou por cada filho que teve (foi pai cedo, mas nunca fugiu da responsabilidade de pai), deixou de herança valores que não se compra, lutou e saiu vitorioso, somos gratos por tudo e iremos honrar sua herança, suas lembranças…
Seu legado não será esquecido!!
Iremos contar para nossa descendência quem foi Ariosvaldo Targino de Araújo-Vavá
Te Amarei, te amaremos pra todo o sempre meu pai
Por Vera Targino, filha do saudoso, ex-prefeito Ariosvaldo Targino (Vavá), via redes sociais.